Prédio antigo e prédio novo

A discussão e votação na especialidade das propostas de alteração do Orçamento do Estado (OE) para a Saúde em 2025, concretizou o subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a ausência de investimento nos seus profissionais. De um total de 257 propostas de alteração apresentadas, foram essencialmente aprovadas as relativas a infraestruturas. Contudo, os hospitais e os centros de saúde do SNS não funcionam sem médicos e os demais profissionais de saúde.

O OE 2025 mantém o subfinanciamento do SNS, sendo certo que vamos terminar o ano com saldo negativo e uma baixa execução do investimento em saúde, o que degrada ainda mais as condições de trabalho e o acesso à saúde. Apesar da perda de poder de compra por parte dos médicos, em resultado da inflação crescente, o OE 2025 não tem prevista a melhoria do salário base dos médicos, nem a justa progressão e valorização da carreira. Assim, os médicos vão continuar a ser “expulsos” do SNS, com prejuízo para a população e a sua saúde.

Estetoscópio

A FNAM reuniu com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), para discutir soluções urgentes para a operacionalizar a legislação recente no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (DL 103/2023). Recusamos a limpeza artificial das listas de utentes, a inclusão de variáveis demográficas potencialmente discriminatórias ou indicadores de prescrição nas ferramentas de cálculo de suplementos remuneratórios. A atribuição de médico de família a toda a população tem de ser concreta e independente de malabarismos de indicadores. Apenas com a melhoria das condições de trabalho será possível atribuir a cada utente, o médico de família a que têm direito.

Os sindicatos da FNAM têm recebido queixas de médicos de família (MF), a quem tem sido recusada a adesão voluntária à dedicação plena, sendo que a ACSS se comprometeu a uniformizar procedimentos em todo o país.

A FNAM contesta, mais uma vez, a limpeza artificial de utentes das listas dos MF, e propõe que a atualização de dados na plataforma Registo Nacional de Utentes seja centrada no cidadão, em respeito com o Regulamento Geral de Proteção de Dados. A ACSS refere estar a trabalhar nesta questão, mas ainda sem data prevista para a sua conclusão.

A FNAM reitera que o Índice de Complexidade do Utente (ICU) é uma ferramenta de aplicação duvidosa e não validada, sobretudo em pequenas populações, como as listas de utentes dos MF. Além disso, a ICU inclui variáveis eticamente discutíveis e potencialmente discriminatórias, como o género e nacionalidade. Até validação e melhoria cabal deste instrumento, mantemos a proposta de ser a idade o fator de ponderação principal para o cálculo do suplemento remuneratório da lista dos profissionais de saúde. A ACSS refere que o ICU ainda está em análise pela tutela.

É urgente o ajuste do Índice de Desempenho da Equipa multiprofissional (IDE) regulado na Portaria n.º 411-A/2023 nas Unidades de Saúde Familiar (USF), uma vez que os suplementos remuneratórios atribuídos aos médicos passam a ser baseados em indicadores como a despesa com a prescrição terapêutica e os meios complementares de diagnóstico. Estes indicadores não só não refletem a carga e complexidade do trabalho de um MF, como podem colocar em risco o seguimento clínico dos utentes.

A FNAM alertou para a alteração do procedimento aplicado pelas extintas Administrações Regionais de Saúde, que consideravam uma compensação dos MF pela carga de trabalho adicional gerada pela complexidade dos utentes ao seu cuidado, representada por Unidades Ponderadas (UP) acima das 1917, independentemente da lista de utentes a cargo de um MF ter atingido os 1550 utentes. A alteração introduzida no DL 103/2023 prevê, a partir de 1 de janeiro de 2025, que essa compensação só seja atribuída se atingidos os 1550 utentes, independentemente do seu perfil clínico, o que irá sobrecarregar ainda mais as equipas.

Webinar - Raio-X ao Orçamento do Estado

A Federação Nacional dos Médicos analisa o Orçamento do Estado de 2025 para a Saúde, com a participação do economista Eugénio Rosa, num webinar que se vai realizar no dia 26 de novembro, terça-feira, pelas 21h00.

O webinar contará ainda com Joana Bordalo e Sá (Presidente da FNAM e do Sindicato dos Médicos do Norte), Vitória Martins (Presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Centro) e João Proença (Presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul).

Pode inscrever-se de forma a participar no webinar ou participar diretamente acedendo através deste link: https://live.zoho.eu/TOfQcPe7Hf 

A discussão do Orçamento do Estado (OE) é a demonstração, com a força dos números, que as sucessivas tragédias são o resultado das opções políticas da Ministra da Saúde Ana Paula Martins. Não existem condições para continuar no cargo e a necessidade da sua substituição é consensual na sociedade portuguesa.

A par do caos instalado no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) pelo Ministério da Saúde (MS) liderado por Ana Paula Martins, o SNS tem assistido a demissões de Conselhos de Administração (CA) das Unidades Locais de Saúde em catadupa, e nomeações de outras,

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