Cartaz da greve de 3 de Julho

Estimados/as colegas:

Após 4 anos de negociações com o atual Ministério da Saúde (MS) e a realização de duas greves em 2017 e uma greve em 2018, os médicos continuam numa situação insustentável. A falta de condições de trabalho, aliada ao desrespeito pela profissão médica, põem em causa a nossa dignidade como profissionais.

O descontentamento é generalizado e os médicos estão em burnout – esta situação é transversal a médicos de todas as instituições, sejam públicas ou privadas. Estamos a assistir a uma degradação da profissão sem antecedentes, com claras e inequívocas repercussões na saúde dos nossos doentes!

O Governo continua a recusar ouvir os sindicatos médicos. 

Os sindicatos médicos representam TODOS os médicos, e a sua FORÇA depende destes. Os sindicatos médicos têm a expressão que os médicos desejam ter e apenas serão eficientes se os médicos se unirem nesta luta.

Os sindicatos médicos defendem:

  1. O limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência, dentro do horário normal de trabalho, com a consequente anulação das atuais 18 horas semanais;
  2. O reajustamento das listas de utentes dos médicos de família, privilegiando o critério das unidades ponderadas, e procedendo à diminuição progressiva dos atuais 1.900 para 1.550; 
  3. O desencadeamento imediato do processo de revisão da carreira médica e das respetivas grelhas salariais;
  4. A criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com diminuição da idade de reforma;
  5. A abertura imediata dos concursos para os diferentes graus da carreira, bem como a resolução dos concursos pendentes e a reformulação dos incentivos à fixação de médicos em zonas de especialidades carenciadas;
  6. O respeito integral pela legislação laboral médica, através da negociação das normas e disciplina do trabalho médico, terminando uma vez por todas com a violação sistemática do descanso compensatório e dos horários de trabalho;
  7. A atribuição da remuneração pelo exercício das funções de Autoridade de Saúde, prevista na legislação em vigor desde 2009, e a extensão do regime de disponibilidade permanente a todos os médicos da especialidade de Saúde Pública;
  8. A substituição do SIADAP 3 por um sistema específico e exequível de avaliação do desempenho para os médicos, somente para efeito de progressão nos níveis remuneratórios, e a atribuição de dois pontos por cada ano em que os médicos não foram objeto de avaliação;
  9. O descongelamento da progressão remuneratória para os médicos que transitaram para as 40 horas de trabalho semanal;
  10. A atribuição de incentivos às Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) nos Cuidados Primários de Saúde, num modelo que tenha em conta a experiência adquirida com as Unidades de Saúde Familiar e que não discrimine aquele sector laboral de médicos de família, bem como a anulação das quotas para a passagem das Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo A para modelo B. 
  11. A negociação de regras de gestão hospitalar que prezem a participação democrática, a transparência e a regulamentação dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI); 
  12. O desenvolvimento de uma reforma da Saúde Pública, com objetivos claros e sem instrumentalizações iníquas;
  13. A extinção da existência de médicos «indiferenciados», com a revisão urgente do enquadramento legal do Internato Médico e a consequente anulação do pagamento para a realização da prova nacional de acesso à formação especializada;
  14. A reposição da eleição dos cargos médicos de natureza técnica baseada em contrato programa;
  15. O desencadeamento do processo negocial de contratação coletiva para os médicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), de modo a assegurar-lhes a existência de uma carreira específica;
  16. A uniformização e melhoria do sistema informático dos serviços de saúde, da responsabilidade do Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

Para além da recusa em negociar, este Governo afrontou o sindicalismo médico ao legislar, de forma unilateral, a atribuição de incentivos à mobilidade geográfica de trabalhadores médicos, um novo regime jurídico da gestão hospitalar e uma nova regulamentação dos CRI.

Apesar da mudança de Ministro de Saúde, em outubro de 2018, manteve-se a mesma postura. Ao afirmar a obrigatoriedade da permanência dos jovens médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) após o término da especialidade, sem lhes serem oferecidas condições dignas e estimulantes gerou um clima de hostilidade que em nada favorece o relacionamento com os médicos e as instituições que os representam.

Esta atitude não se limita ao MS, mas também aos Ministérios da Justiça – culminando na convocatória de uma greve marcada para o Instituto de Medicina Legal nos dias 26 e 27 de Junho – da Defesa e do Trabalho e Solidariedade e Segurança Social, com recusa em negociar acordos coletivos de trabalho.

A FNAM apela a todos os médicos para aderir à greve nacional de dia 3, com concentração marcada, às 15 horas, em frente ao MS.

Esta é a oportunidade para os médicos manifestarem o seu descontentamento e a sua força!

Os médicos querem ser respeitados, os médicos pretendem exercer a sua profissão com dignidade!

O Conselho Nacional da FNAM

Lisboa, 17 de junho de 2019

Cartaz da greve no INMLCF

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) enviaram o pré-aviso que convoca a greve para os médicos do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF, IP), nos dias 26 e 27 de Junho.

Há mais de 2 anos que os sindicatos médicos têm alertado para a grave situação dos médicos do INMLCF, IP.

Em Dezembro de 2018, a maioria destes médicos subscreveu e enviou ao Ministério da Justiça – entidade que tutela o INMLCF – um documento alertando a gravidade dos problemas, não tendo, até ao momento, obtido qualquer resposta.

Estes médicos desenvolvem uma intensa e imprescindível atividade profissional, nomeadamente a avaliação de vítimas de crime de violência sexual e doméstica, a avaliação pericial relacionada com acidentes de trabalho e de viação, a realização de autópsias em casos de morte natural ou violenta, além de darem resposta em cenários de catástrofe, em Portugal e no estrangeiro.

A contínua saída de médicos (tanto de alguns já pertencentes ao quadro como de internos durante o seu programa de formação específica) e o envelhecimento daqueles que vão resistindo às contrariedades levou a uma situação laboral precária dentro do INMLCF e à dependência da contratação de serviços externos, com custos acrescidos para o Ministério da Justiça.

Os números são inequívocos: apesar do mapa de pessoal médico contemplar 215 postos de trabalho a nível nacional, apenas existe cerca de um quarto deste número para assegurar a carga de trabalho; o último concurso para Assistente Graduado Sénior (denominado anteriormente de Chefe de Serviço) ocorreu há 13 anos; em Maio, contrariamente ao verificado no Ministério da Saúde, não foi aberto qualquer concurso para colocação de recém-especialistas, que habitualmente esperam anos por vaga no quadro.

Entre outros problemas, a escassez de médicos legistas implica que os existentes necessitem de trabalhar mais horas para cumprir com o trabalho atribuído, sem qualquer remuneração adicional, não sendo igualmente respeitado o direito ao descanso compensatório.

Os Sindicatos Médicos relembram ainda:

  • A denúncia sobre as múltiplas insuficiências do INMLCF, feita pela Ordem dos Médicos, no dia 28 de Maio;
  • A aprovação de uma proposta de lei, em Conselho de Ministros, sobre um novo regime de perícias médico-legais, com repercussões sobre o trabalho médico, sem audição prévia dos Sindicatos Médicos.

Assim, os sindicatos médicos denunciam a recusa do Ministério da Justiça em negociar uma carreira médica para o INMLCF, equiparada à carreira dos médicos no Ministério da Saúde, que promova a formação médica e a continuidade do próprio INMLCF enquanto instituto de excelência e referência nacional, revestindo-se assim de interesse para todas as partes.

Esta é a primeira greve médica no INMLCF, cuja inteira responsabilidade é deste Governo, que desrespeita os seus médicos e põe causa a própria existência de um sistema médico-legal público.

Com esta greve, os sindicatos médicos esperam que o Ministério da Justiça se disponibilize, finalmente, para uma negociação séria e justa.

Plataforma Lisboa em defesa do SNS

A Plataforma Lisboa em defesa do SNS apela ao Governo que denuncie os contratos das Parcerias Público Privadas dos Hospitais de Vila Franca de Xira e de Loures e apresenta a tomada de posição sobre estes hospitais.

A deliberação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tornada agora pública vem confirmar a existência de problemas muito graves no atendimento de doentes no Hospital de Vila Franca de Xira, onde até os direitos à privacidade e de respeito pela dignidade humana são postos em causa, quando fica provado que houve centenas de utentes internados em refeitórios, pelo menos ao longo de quatro anos, e até em casas de banho.

Entretanto, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul faz uma denúncia pública, em 31 de maio, em que acusa a administração do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, de impedir os médicos de marcar segundas consultas para evitar multas do Estado, sendo desrespeitados os direitos fundamentais do utente a receber, com prontidão, os cuidados de saúde que necessita.

Para a Plataforma Lisboa em defesa do SNS são demasiadas as situações de desrespeito dos direitos da população no acesso à saúde nos hospitais com estatuto de Parcerias Público Privadas (PPP), que para além destas agora divulgadas, se têm vindo a conhecer de transferências de doentes graves para o SNS, de listas de espera para além do razoável, de falta de qualidade nos serviços prestados, de escassez de recursos humanos e de más condições de trabalho.

O setor privado que gere as PPP tem como principal objetivo a otimização do lucro, sacrificando o interesse do doente às razões económicas, não podendo o Estado fechar os olhos ao desrespeito dos contratos e dos direitos dos cidadãos consagrados na Constituição da República.

Mais uma vez está provado que o desmembramento do SNS para investir no privado, como acontece com as PPP é ruinoso para o Estado e não trouxe ganhos em saúde para a população.

O SNS, apesar de todos os ataques de que tem sido alvo, continua a ser a melhor resposta para toda a população em todo o território nacional.

É por isso, que a Plataforma Lisboa em defesa do SNS apela ao Governo que denuncie os contratos das Parcerias Público Privadas dos Hospitais de Vila Franca de Xira e de Loures e que não proceda à renovação de mais nenhum deste tipo de contratos existentes na área da saúde.

Lisboa, 3 de junho de 2019


PLATAFORMA LISBOA EM DEFESA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE:
Comissão de Utentes da Cidade de Lisboa, Dir. Reg. Lisboa do Sindicato Enfermeiros Portugueses, FARPIL/MURPI, Movimento Democrático de Mulheres, Inter-Reformados de Lisboa, Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, Sindicato Médicos da Zona Sul, Sindicato Trab. em Funções Públicas, Sindicato Nacional dos Psicólogos, Comissão de Utentes da Amadora e Sintra e União dos Sindicatos de Lisboa - CGTP-IN | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Cartaz

Reunião de esclarecimento sindical de médicos da delegação sul do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), no dia 7 de Junho, sexta-feira, às 13h30, no Anfiteatro.

Temas a tratar:
1 - Análise da situação no INMLCF
2 - Outros assuntos.

Com a presença de:
- Dr. Armindo Ribeiro, dirigente do Secretariado Nacional do SIM
- Dr. Nair Rosas Pinto, presidente da Comissão Nacional de Medicina Legal e delegada sindical do SIM
- Dr. Hugo Esteves, dirigente da FNAM.

Os Médicos dispõem, durante o horário de trabalho, de um período de até 15 horas/ano, que contam como tempo de serviço efectivo, para participarem no seu local de trabalho em reuniões convocadas pelo sindicato (art. 341.º/1, b), da Lei Geral do Trabalho em FP e do art. 461.º/1, b), do Código do Trabalho).

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul