Webinar sobre dedicação plena

Este webinar será dedicado ao esclarecimento sobre o impacto do Decreto Lei da Dedicação Plena para os médicos hospitalares.

Contaremos com a participação do departamento jurídico da FNAM, para que todos os colegas tenham consciência, com o maior detalhe possível, de todo o edifício legislativo com o qual iremos ser confrontados.

O webinar vai ter lugar na próxima quarta-feira, dia 29 de novembro, a partir das 21h00, e pode ser acedido aqui: https://meeting.zoho.eu/meeting/register?sessionId=1210889148

Mulher com máscara azul

O Sindicato Médico da Zona Sul (SMZS) teve conhecimento da ausência de pagamento do subsídio de risco COVID-19 de 2021 a médicos, na Madeira, que cumpriam os critérios necessários.

Estes critérios encontram-se definidos no Decreto Legislativo Regional n.º 40/2023/M e na Circular Informativa n.º 6 do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), de 21 de setembro de 2023. No artigo 7.º desta circular, pode ler-se:

«O subsídio de risco associada à pandemia COVID-19 destinado aos trabalhadores que diretamente realizaram a prestação de cuidados de saúde a doentes COVID, de forma reiterada e continua, por um período mínimo de 30 dias durante o ano de 2021, foi pago de acordo com as comunicações recebidas dos respetivos dirigentes dos Serviços e confirmadas pela Direção Clínica, Direção de Enfermagem e Coordenação do ACES.»

De facto, parece ter havido um défice dessas «comunicações», uma vez que vários médicos, que cumpriam os critérios, viram-se subtraídos das listagens e não receberam os pagamentos do subsídio, que decorreram em setembro de 2023. Constatou-se ainda que não houve qualquer pagamento aos internos de Medicina Geral e Familiar, o que resulta numa clara discriminação.

Face a este equívoco, o Conselho de Administração do SESARAM comunicou que pagaria o subsídio em falta a estes médicos em outubro, o que não se verificou.

O SMZS vai pedir esclarecimentos ao Conselho de Administração e manifesta a sua solidariedade com os colegas, disponibilizando os seus serviços jurídicos para auxiliar no desbloqueio deste processo.

Presidente da FNAM presta declarações no fim de uma reunião negocial em frente ao Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde (MS) desperdiçou o tempo gasto em 35 reuniões negociais, que aconteceram nos últimos 19 meses, e não só nenhuma das aproximações que se verificaram nas palavras acabaram por se refletir no papel, como, inclusive, o Governo recuou nas suas próprias propostas.

Na reunião de 24 de novembro, o Governo apresentou uma Ordem de Trabalhos (OT) onde pretendia discutir grelhas salariais, a regulamentação das Unidades de Saúde Familiar (USF) e os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI), assentes num novo regime de Dedicação Plena (DP) legislado unilateralmente sem o acordo dos médicos. Este regime está a ser contestado pela FNAM a nível constitucional, sindical e também a nível da Comissão Europeia, por conter matérias inconstitucionais e ilegais do ponto de vista do direito do trabalho europeu, como confirmado em Bruxelas pelos eurodeputados e pela Comissão de Saúde.

A documentação relativa à regulamentação das USF e CRI apenas foi enviada à FNAM no dia 24, a cinco horas da reunião. Assim, a FNAM exigiu alteração da OT, tendo como único ponto de discussão as reivindicações em cima da mesa, previamente apresentadas, relativas à atualização das grelhas salariais e à reposição de condições de trabalho perdidas na última década.

Surpreendentemente, o MS recusou continuar a discutir essa última proposta apresentada, inviabilizando qualquer possibilidade de negociação nos temas da reposição da jornada semanal das 35 horas, das 12 horas de serviço de urgência ou dos dias de férias retirados com a intervenção da troika. Apresentou apenas uma proposta de aumento de grelha salarial com aumentos entre 6% e 15%.

A FNAM mantém o apelo a todos os médicos que cumpram escrupulosamente com a Lei e continuará a apoiar todos os médicos que entreguem as declarações de indisponibilidade para não fazer mais trabalho suplementar para além do limite legal das 150 horas por ano. Esta forma de luta é o garante que os médicos vão mesmo ser ouvidos e as suas propostas vão acabar por fazer caminho para reverter a situação dramática que se vive na Saúde em Portugal.

O Conselho Nacional da FNAM reunirá no próximo sábado, dia 25 de novembro, às 10h00, em Coimbra, para analisar os documentos entregues e fazer a sua contraproposta para a derradeira reunião negocial, que ficou agendada para o MS, às 14h00, na próxima terça-feira, dia 28 de novembro.

Médico com relógio despertador nas mãos

A FNAM estará presente na reunião negocial de 23 de novembro, com o objetivo de alcançar um acordo que não adie a valorização do trabalho médico para um futuro Governo. A situação no SNS não pode esperar.

Após a insistência da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) para que as negociações com o Ministério da Saúde fossem retomadas, uma vez que o Governo se mantém na plenitude das suas funções até à dissolução da Assembleia da República e que a situação dramática vivida no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode esperar pela tomada de posse de um novo Governo, foram agendadas pela tutela duas reuniões: uma de ordem técnica, para discutir, à luz do recém-publicado diploma da dedicação plena, a regulamentação das Unidades de Saúde Familiar (USF) e dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI), no dia 21 de novembro, e outra negocial, no dia 23.

Face à pouca antecedência da convocatória da reunião técnica, e à falta de documentos de trabalho, a FNAM mostrou abertura para marcar presença por videoconferência, à semelhança das reuniões técnicas anteriores. No entanto, a FNAM não obteve resposta favorável por parte do Ministro da Saúde ao seu pedido para que a reunião se realizasse à distância e, consequentemente, não marcou presença física num encontro que visava atirar areia para os olhos dos médicos e da opinião pública.

A vontade do Ministério da Saúde de que esta reunião técnica com o Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, tivesse algum efeito prático é também nula: o Ministério recusou a o pedido da FNAM para que fossem enviados os documentos de trabalho, para que esta reunião fosse, de facto, técnica, e para que ambas as partes tivessem conhecimento das propostas em cima da mesa.

Face a este contexto adverso, não se justificava a presença física da FNAM. O momento que vivemos - na pior fase do SNS -  urge uma atitude proativa para garantir condições de trabalho para os médicos no SNS, valorizando efetivamente as grelhas salariais, transversal para todos médicos, e que garanta a reposição da jornada semanal de 35 horas, das 12 horas semanais em serviço de urgência e dos dias de férias retirados aquando da intervenção da troika, sem perdas de direitos que coloquem em risco a segurança dos médicos e doentes. 

Em vez disso, o Ministério da Saúde opta por discutir matérias publicadas unilateralmente, de constitucionalidade e legalidade duvidosas, e que não terão qualquer impacto em minorar - pelo contrário - a situação muito complicada e perigosa que se vive no SNS até ao fim do ano, e que se prolongará em 2024 se nada for feito.

A FNAM estará presente na reunião agendada com o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, no próximo dia 23 de novembro, pelas 16h00, para continuar a negociação dos temas acordados entre ambas as estruturas sindicais e a tutela, antes da interrupção do processo negocial: a valorização da carreira para todos os médicos e a reposição de direitos, com o objetivo de alcançar um acordo que permita garantir o funcionamento do SNS com qualidade e segurança.

O Ministério da Saúde e o Governo não podem continuar insensíveis às insuficiências que o SNS tem demonstrado por falta de médicos, a população não pode ficar dependente de planos de contingência irresponsáveis, que não respondem às suas necessidades e as iludem, com consequências potencialmente trágicas, sobre a capacidade efetiva dos serviços de urgência.

O tempo das soluções é agora e o SNS não pode continuar à espera, desta feita não só pela vontade política do MS e do Governo, mas também por umas eleições que estão marcadas para o longínquo dia 10 de março de 2024.

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul