Hospital Garcia de Orta

Administração do Hospital Garcia de Orta gere resposta à COVID-19 de forma autocrática

O Conselho de Administração (CA) do Hospital Garcia de Orta (HGO) deu mais uma prova de gestão autocrática e antidemocrática, ao demitir, na semana passada, o Diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia por delito de opinião.

A demissão ocorreu após o diretor do serviço de Ginecologia e Obstetrícia ter manifestado o seu desagrado perante a diretriz emanada pelo Diretor Clínico do HGO – que acumula também o cargo de diretor do serviço de Infeciologia de forma ilegal – de internar na mesma enfermaria grávidas com e sem infeção por COVID-19, apesar de existirem vagas em serviços exclusivamente destinados a doentes COVID. Com esta atitude, o Presidente do CA do HGO evidencia, mais uma vez, o caráter autoritário que já tinha demonstrado enquanto Diretor Executivo do ACES Almada-Seixal.

Solidarizando-se com o Diretor demitido, 116 médicos do hospital, entre os quais vários diretores de serviço, escreveram uma carta à Ministra da Saúde.

 

A gestão do CA do HGO durante a pandemia por COVID-19 tem sido desastrosa, com claro prejuízo dos doentes no acesso a cuidados de saúde.

Os tempos de Bloco Operatório foram drasticamente reduzidos, nomeadamente para os serviços de Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Neurocirurgia, que têm acesso ao Bloco apenas de 3 em 3 semanas. Por isso, os doentes oncológicos da Ginecologia (13) e Neurocirurgia (14) continuam a aguardar tempos para ser operados. A Ortopedia tem 40 doentes com fraturas a aguardar sala operatória. Esta decisão resulta no agravamento das listas de espera para cirurgia e promove o recurso aos hospitais privados através dos cheques-cirurgia.

Durante este período epidémico, também de forma prepotente, os jovens médicos internos da Formação Geral foram obrigados a cumprir horários excessivos e ilegais no serviço de urgência, sem apoio qualificado.

Recorde-se que a atitude autoritária e persecutória do CA do HGO tem levado à saída de vários médicos do HGO, nomeadamente do serviço de Pediatria, cuja urgência se mantém encerrada no período noturno desde novembro de 2019 por falta de médicos.

A política deste CA prejudica o funcionamento do hospital, pondo em risco a qualidade da medicina praticada, o que impõe o seu imediato afastamento.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) solicita a intervenção do Ministério da Saúde e exige uma lei de gestão democrática, com base na governação clínica e concurso público para os cargos de direção técnica.

4 de junho de 2020

A Direção do SMZS

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul