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Hospital de Cascais sem resposta a doença do foro neurológico por falta de médicos

A situação no Hospital de Cascais, que não consegue assegurar cuidados em Neurologia, ilustra, infelizmente, o que a FNAM não se cansa de repetir: para fixar médicos no SNS é preciso melhorar os salários e as condições de trabalho.

Os especialistas em Medicina Interna do Hospital de Cascais, uma Parceria Público-Privada (PPP), escreveram uma Carta Aberta onde denunciam a falta de resposta em Neurologia, não estando assegurada a assistência a doentes com patologia neurológica.

Cansados de expor a situação à Direção Clínica e ao Conselho de Administração da PPP do Hospital de Cascais as difíceis condições de trabalho a que estavam sujeitos, um grupo de mais de 20 Especialistas em Medicina Interna do Hospital de Cascais redigiram uma Carta Aberta, dirigida ao Ministério da Saúde, à Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e à Administração Central Sistema de Saúde, com conhecimento à Ordem e aos Sindicatos Médicos.

Nesta carta dão conta da realidade deste Hospital e da grave diminuição da capacidade assistencial, colocando em risco a prestação de cuidados a doentes com patologia neurológica. Neste momento, não existem condições que permitam ter internamento de Neurologia, não é possível assegurar a continuidade de seguimento em consulta de doentes com patologia neurológica, e não existe garantia de que doentes que recorrem ao serviço de urgência e necessitem de observação por Neurologia a venham a ter. Está igualmente comprometida a capacidade de realização de exames por estes especialistas, como o ecodoppler dos vasos do pescoço, o eletroencefalograma, a eletromiografia, entre outros.

Anunciaram por isso que entregaram declarações de declinação de responsabilidade funcional, por serem obrigados a assistir doentes do foro neurológico e tratamento com as quais como médicos internistas não estão familiarizados, uma vez que entendem que não estão asseguradas as condições de segurança à prestação de cuidados adequados a esses doentes.

Os médicos lamentam a falta de condições de trabalho, cujo impacto neste serviço já tinha sido sinalizado em agosto de 2023, com a saída de especialistas em Neurologia, que colocou logo em causa a idoneidade formativa. Atualmente, resta apenas uma médica especialista, naturalmente insuficiente para assegurar um serviço de internamento de Neurologia.

A desagregação de equipas e perda de capacidade formativa de futuros especialistas resulta da incapacidade em promover medidas que contribuam para a fixação de médicos. A destruição de mais esta equipa de trabalho é o resultado direto das irresponsáveis políticas de saúde do Ministério de Manuel Pizarro, que não só não permitem fixar mais médicos no SNS, como promovem a sua saída.  

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul