No início desta legislatura o governo anunciou como um dos seus objetivos a atribuição de um Médico de Família a todos os portugueses. Têm vindo igualmente a anunciar, ao longo do mandato, que há mais de tudo no SNS: mais profissionais de saúde, mais consultas hospitalares, mais intervenções cirúrgicas e inclusivamente mais utentes com Médico de Família.
Importa, contudo, esclarecer em que condições estes números têm sido atingidos, em particular no que à atribuição de Médicos de Família diz respeito.
Este governo tem promovido a transparência de muita da atividade do SNS, disponibilizando hoje um conjunto de dados relativos à saúde em Portugal, nomeadamente através da plataforma denominada BI da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários onde se encontra toda a informação relativa a este nível de cuidados.
Na referida plataforma, cuja última actualização é de 30/04/2018, no que ao Alentejo Litoral diz respeito, importa não só conhecer os dados publicados, mas também a realidade concreta desses dados, a bem da transparência.
No ACES Alentejo Litoral estão inscritos 93.842 utentes, dos quais 6.816 não têm Médico de Família atribuído, correspondendo a 7,2% dos utentes inscritos. Contudo, quando exploramos estes números, especificamente por unidade funcional, verifica-se que a maioria dos utentes que terão Médico de Família atribuído, têm na verdade atribuído um médico indiferenciado, não se tratando de um médico de Medicina Geral e Familiar.
UCSP |
N.º total utentes |
Suposto n.º de utentes sem médico de família (segundo dados do BI da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários) |
N.º real de utentes sem médico de família (contabilizando utentes em listas de médicos indiferenciados) |
Alcácer do Sal |
12.123 |
0 |
cerca de 7.000 (50%) |
Grândola |
14.322 |
641 |
cerca de 7.500 (52%) |
Odemira |
25.478 |
2.794 |
cerca de 14.000 (66%) |
Santiago do Cacém |
27.335 |
102 |
cerca de 10.800 (40%) |
Sines |
14.584 |
3.279 |
cerca de 9.900 (68%) |
Total ACES Alentejo Litoral |
93.842 |
6.816 |
cerca de 52.000 (55%) |