O atual, e muito contestado, diretor do Serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Hospital de Santa Maria prepara-se para um novo corte no funcionamento de Serviços Públicos de Saúde.
Depois de ter suspendido o programa de implantes cocleares, o diretor quer agora, alegando falta de pessoal, cortar o número de médicos nos turnos de Urgência e mesmo, pura e simplesmente, eliminar tempos de prestação de cuidados de saúde de Urgência ORL no maior hospital do País.
Para os períodos em que as equipas de Urgência terão menos elementos, o referido diretor pretende que o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte aprove um conjunto de restrições de acesso que têm por finalidade, na prática, impedir o acesso dos utentes a cuidados de saúde urgentes na Especialidade no Hospital de Santa Maria.
A serem implementadas tais restrições, só um número muito pequeno de doentes que ocorrem ao Serviço de Urgência do maior hospital do País terão assistência imediata de ORL. As Urgências Geral e de Pediatria do Hospital de Santa Maria ficam sem o apoio da ORL que até aqui têm tido. E a Unidade de Trauma da Urgência do Hospital fica simplesmente amputada, passando-se, na prática, a responsabilidade de funcionamento de uma verdadeira Urgência Externa de ORL na área da Grande Lisboa para o Hospital de S. José, já em saturação.
Tudo isto levará a que um número crescente de cidadãos, que com os seus impostos pagam o Serviço Nacional de Saúde, tenham de recorrer a unidades de saúde privadas para terem cuidados de ORL de urgência.
A isto junta-se o facto das equipas médico-cirúrgicas que ficarão escaladas para o Serviço de Urgência estarem de tal modo desfalcadas que a sua ação fica muito limitada na capacidade de resposta, o que coloca um sério risco de Saúde Pública não só para os doentes como para os próprios médicos.
Se ocorrer uma emergência de ORL em todo o hospital no momento em que uma equipa de dois elementos (um médico Especialista e um médico Interno) estiver ocupada no Bloco operatório (e certas cirurgias podem durar horas), é humanamente impossível dar resposta. Os médicos Especialistas, que são chefes de equipa, estão a entregar já cartas de não assumpção de responsabilidades para a sua atividade na Urgência tendo em conta as condições degradadas em que irão ser obrigados a trabalhar.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul vem assim denunciar publicamente mais um ato que degrada o acesso e a prestação de cuidados assistenciais no SNS, mais uma vez tomado por um conjunto de decisores estrategicamente colocados na sua gestão, que têm simultaneamente interesses em grupos privados de saúde.
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