É com profunda preocupação que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) acompanha o encerramento de urgências de ginecologia-obstetrícia na Península de Setúbal, prevendo-se que funcionem com grandes limitações pelo menos até setembro. Para o SMZS, é necessário garantir o funcionamento de todas as urgências com equipas a funcionar em pleno.
Na quarta-feira, o portal das escalas de urgência do SNS indicava que estariam encerrados, no fim de semana, os três serviços de urgência de ginecologia-obstetrícia da Península de Setúbal - no Hospital Garcia de Orta, em Almada, no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e no Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Entretanto, a situação foi mitigada com a abertura do serviço em Setúbal, mantendo-se encerradas as urgências em Almada e no Barreiro.
Esta situação leva a que as grávidas tenham que percorrer muitos quilómetros para serem atendidas nas urgências, num contexto de grande incerteza. O SMZS considera que estas limitações não são aceitáveis numa região que integra nove concelhos e onde vivem mais de 800 mil pessoas, podendo ter consequências dramáticas.
O Ministério da Saúde tem anunciado medidas que não resolvem o problema, nomeadamente com a criação de urgências regionais. No fundo, o problema mantém-se com urgências centralizadas e desfalcadas, com sérias limitações no atendimento necessário em situações de urgência.
A contratação anunciada de mais médicos para o serviço de ginecologia-obstetrícia para o Hospital Garcia de Orta é um dado positivo, mas tardio e que não resolve o problema da falta de acesso a cuidados de saúde na região. É urgente criar condições de trabalho dignas que permitam fixar os médicos nos serviços do SNS.
Os cuidados materno-infantis sempre foram um marco importante no SNS, desde a sua criação. O desfalque criado por sucessivos governos tem de ser contrariado, evitando experimentalismos que desviam do essencial: o investimento sério no SNS e nos seus profissionais é o que permite que os serviços funcionem, de Norte a Sul do país.
