Técnico de emergência pré-hospitalar

A irresponsabilidade do desnorte do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde (MS) liderado por Ana Paula Martins encontra-se sem norte. Apesar dos inúmeros alertas das dificuldades na emergência pré-hospitalar (EPH), foram precisas oito fatalidades para que a Ministra da Saúde se tenha sentado para ouvir os respetivos profissionais de saúde.

A Ministra da Saúde poderia ter ouvido, a tempo e horas, o alerta dos profissionais da EPH sobre as insuficiências, bem como as soluções para a melhoria das suas condições de trabalho e acesso a serviços de EPH. Ao escolher não o fazer, contribuiu para este desfecho trágico. A FNAM lamenta as vítimas e presta sentidas condolências às famílias.

Relembramos que, em 2024, se verificaram mais de 40 partos em ambulâncias, além de todas as consequências que se têm feito sentir para os utentes pelas crescentes dificuldades no acesso ao SNS.

O serviço de excelência prestado pela EPH deve-se à elevada competência e resiliência dos seus profissionais, mas tem sofrido fortes constrangimentos devido à falta de investimento nos seus recursos humanos e materiais, à semelhança de outras frentes no ecossistema do SNS e que o MS escolheu não acautelar.

A Ministra da Saúde Ana Paula Martins, que não negociava nada com o sindicato do setor, garante agora que vai negociar tudo, mas podia e devia ter demonstrado essa disponibilidade a tempo de evitar oito tragédias.

Lembramos que Portugal dispunha, até aqui, de excelentes indicadores de desempenho, quer ao nível da emergência pré-hospitalar, quer ao nível dos cuidados de saúde materno-infantil. A falta de competência de quem está a conduzir os desígnios do SNS, está a perigar os resultados que levaram décadas a construir.

A FNAM exige uma negociação séria com os médicos e demais profissionais da saúde - e não medidas de contingência avulsas definidas pela pressão mediática - capaz de levar à prática as propostas dos profissionais, que já demonstraram ser, incontáveis vezes, os portadores das soluções necessárias para recuperar o SNS, o único garante universal da saúde em Portugal.

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